Consumidor com menos de 30 anos torna-se preponderante em algumas regiões do país e muda perfil das habitações e da forma de se vender imóveis
Por: Altair Santos
O cenário de crédito habitacional farto tem mudado o perfil dos consumidores de imóveis novos no Brasil, sobretudo apartamentos. Se antes eles tinham mais de 35 anos, família constituída e predisposição por habitações com no mínimo 3 quartos, hoje quem busca o mercado imobiliário tem características bem diferentes: são jovens com menos de 30 anos, boa parte deles solteiros e interessados em imóveis com no máximo 2 quartos.
Segundo relatório da Caixa Econômica Federal, divulgado no final do ano passado, 39% dos consumidores que hoje buscam crédito habitacional no banco são clientes com até 30 anos. Os números se referem à média nacional, mas em algumas regiões do país o percentual cresce. Como no Sul, onde algumas construtoras têm verificado que até 55% de seus compradores se enquadram neste novo perfil.
De acordo com Marcos Kahtalian, consultor do SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Paraná), o programa Minha Casa, Minha Vida tem forte influencia nesta mudança no mercado imobiliário. “Ele tem sido a maior fonte de recursos para os imóveis tipicamente classificados como primeiro imóvel”, explica. “Assim, o cliente jovem, que normalmente não tem muita poupança, com a oferta de crédito está conseguindo comprar um imóvel”, completa.
Por conta deste novo consumidor, em Curitiba, por exemplo, metade dos lançamentos imobiliários ocorridos em 2010 privilegiava apartamentos com dois ou um quarto ou os chamados studios. Além disso, a forma de venda também mudou. “Houve influência não apenas na metragem, mas também na comunicação do imóvel, que hoje está muito mais forte na internet e com o apoio de mídias sociais. Além disso, o imóvel passou a agregar boas opções de lazer”, analisa Marcos Kahtalian.
Outra tendência que se verifica é a de que o jovem com menos de 30 anos vai aumentar ainda mais sua participação no consumo de imóveis novos. Dados que apontam a queda nos aluguéis para essa faixa etária reforçam a perspectiva. Além disso, estima-se que eles possam influenciar também no mercado de investidores em imóveis. “Hoje, jovens com maior renda também já percebem o mercado imobiliário como uma opção de investimento”, aponta o consultor do SindusCon-PR.
Bom pagador
A entrada do jovem consumidor ao mercado imobiliário também permitiu que no ano passado fosse batido um recorde em financiamentos habitacionais. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 1,052 milhão de moradias foram financiadas durante todo o ano passado.
Para o diretor de Lançamentos do Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo), Fábio Rossi, há ainda um outro aspecto salutar na ampliação da fatia jovem no crédito habitacional. É a baixa inadimplência proporcionada por esse segmento de consumidores. “Trata-se de uma mudança cultural e esse novo público é bastante responsável, fato que colabora com a manutenção dos baixos índices de inadimplência”, afirma.
Entrevistados
Marcos Kahtalian, consultor do SindusCon-PR
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança
Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo)
Currículo Marcos Kahtalian
- Professor de Marketing de Serviços da UniFAE – Centro Universitário
- Consultor do SindusCon-PR
- Graduado em Comunicação Social pela UFF, pós-graduado em Administração pela FAE
Business School, mestre em Multimeios pela Unicamp
- Profissional reconhecido e premiado em sua área, com mais de quinze anos de consultoria empresarial
- Sócio Fundador da BRAIN, Bureau de Inteligência Corporativa.
Contato: marcosk@swi.com.br / imprensa@sindusconpr.com.br (assessoria de imprensa) / imprensa@abecip.org.br (assessoria de imprensa) / aspress@secovi.com.br (assessoria de comunicação do Secovi-SP)
Crédito da foto
Divulgação/Arquivo pessoal