Desperdício nas obras Estudo realizado pela UFMG e outras 15 universidades em 12 estados brasileiroas tem como meta buscar alternativas para reduzir a perda de material na construção civil
Humberto Siqueira - Estado de Minas
Publicação: 29/04/2011 10:11
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Patrícia Medeiros de Godoy, responsável pelos treinamentos da Doutores da Construção, chama a atenção para o leiaute dos canteiros |
O desperdício não é contabilizado somente pelo que vai no carro de entulho, mas por tudo o que excede o necessário. Os prejuízos podem resultar também da utilização de material mais caro do que as reais necessidades de determinada obra. As caçambas de entulho espalhadas pela cidade retratam o grande volume de material jogado fora. Produtos como a argamassa chegam a apresentar 90% de perda.
O estudo deixa claro que uma das causas do desperdício nas construções está no próprio leiaute dos canteiros. A engenheira Patrícia Medeiros de Godoy, responsável pelos treinamentos do Doutores da Construção – programa que tem parceria entre indústrias da construção civil e lojas de material com o objetivo de qualificar profissionais em cinco áreas de conhecimento: alvenaria, hidráulica, elétrica, revestimento e pintura -, reforça essa percepção. “Quando se está preparando a massa com cimento, areia e água, o transporte da areia em latas ou em carrinhos de mão causa perda do material pelo caminho. O ideal é despejar a areia direto da saca em uma área próxima ao local em que a massa será preparada. Também vale a pena varrer a areia que está no piso, peneirá-la e devolvê-la ao monte”, destaca.
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Perdas aumentam custos
Para grandes obras, em especial as que têm alojamentos, podem-se utilizar torneiras com acionamento e desligamento automático e temporizadores nos chuveiros. “Vale a pena investir em tecnologias que viabilizem o reuso da água da chuva para descargas e limpezas gerais da obra.”
A especialista, no entanto, não recomenda o aproveitamento da água da chuva para a mistura de cimentos e argamassas. “Ainda não é recomendado, pois pode haver interferências na resistência da construção. Sempre siga as recomendações do fabricante, para não usar água demais na mistura.”
Para ela, uma das fases mais críticas da obra é a construção das paredes, que devem sempre ser bem niveladas. “Se a construção não estiver totalmente reta, o nivelamento exigirá uma camada mais grossa de argamassa, aumentando muito o consumo de material na obra”, adverte.
RETRABALHO
A reinstalação de componentes elétricos e/ou hidráulicos pode ser mais onerosa do que a própria instalação. Além do retrabalho e dos prejuízos financeiros e materiais, como o retorno de esgotos, perda de móveis, esse tipo de falha pode causar incêndios. “Por isso, se você não tem conhecimento, nem arrisque. Chame um especialista”, alerta. Cimentos, cal, tintas, pastas, argamassas, colas e selantes têm certos componentes químicos que exigem manuseio especial, protegido pelo uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, mesmo que seja por um período breve.
Para a executiva do Doutores da Construção, além das práticas citadas, a sustentabilidade de uma obra depende da avaliação do local de sua implantação e do planejamento de todas as intervenções durante e depois da construção