Uma volta por BH: Vida próxima aos trilhos

21-03-2011 09:09


 

Júnia Leticia - Estado de Minas
 


 

Bairro Esplanada foi criado nos anos 1920 para abrigar ferroviários que começavam a se instalar perto de uma oficina da Rede Ferroviária Federal na Região Leste de Belo Horizonte

Fotos: Eduardo Almeida/RA Studio

Originado de vilas operárias que se formaram em torno da linha férrea, o Bairro Esplanada, localizado na Região Leste de Belo Horizonte, teve sua planta aprovada em 1925. Naquela época, os ferroviários começaram a se instalar nos terrenos próximos a uma oficina da Rede Ferroviária Federal para morar perto de seu local de trabalho. No início da construção da capital, a moradia já era um dos grandes problemas da cidade.

Projetada para ocupar apenas os limites da Avenida do Contorno, BH experimentou um rápido crescimento. Muitas famílias vieram na esteira deste desenvolvimento e passaram a ocupar habitações precárias em regiões sem infraestrutura. Essa realidade também era vista no Esplanada.

Moradora do bairro há mais de 60 anos, a aposentada Maria da Conceição Patrocínio Costa, a dona Mariazinha, acompanhou esse desenvolvimento. "Quando me mudei para cá era só mato e as ruas não eram calçadas." Naquela época, em que o Ribeirão Arrudas não era canalizado, a população sofria nos períodos de chuva com a água que alagava as ruas e chegava a entrar nas casas. "Era muita enchente. Ia muita gente embora por causa disso", lembra dona Mariazinha.

Apesar disso, a aposentada lembra com saudade da época em que foi morar no bairro, logo que chegou a Belo Horizonte, vinda de Ponte Nova, na Zona da Mata. "Vim da roça e você sabe como é a vida lá. Vim na pior; não tinha nem onde morar. Os vizinhos antigamente que fizeram um barracão no meio da rua para mim. Devo tudo à família da dona Henriqueta, à Maria Júlia e ao 'seu' Francisco", comenta. Naquela época, dona Mariazinha fala que não havia muitas construções no Esplanada e as poucas que existiam eram precárias. "Era uma casa ali e outra lá. A Rua 28 é que tinha mais barracões", lembra.

O acesso ao transporte também era difícil, o que fazia com que os moradores percorressem algumas distâncias a pé até chegar a um bairro vizinho que tinha mais infraestrutura. "Não tinha ônibus e, para pegar o bonde, tinha de ir lá no Horto. Eu trabalhava em casa de família e quando tinha dinheiro para ir de ônibus, voltava para casa a pé do Gutierrez", conta, fazendo referência ao bairro da Região Oeste, onde ela já trabalhou.

 
"Quando me mudei para cá era só mato e as ruas não eram calçadas" - Dona Mariazinha, aposentada

Hoje, já estruturado, o Esplanada possibilita melhores condições de vida aos moradores. "Agora mudou muito. Calçaram as ruas, consertaram o rio e as casas antigas, quase todas, viraram apartamentos", diz dona Mariazinha. Um dos reflexos disso foi a valorização do bairro devido, entre outros fatores, à sua proximidade como Centro e bairros que têm mais opções de comércio e, recentemente, à construção de um shopping no Santa Efigênia.

A facilidade de acesso, que pode ser feito por meio de três linhas de ônibus (9502 - São Geraldo/São Francisco via Esplanada, 9250 - Caetano Furquim/Nova Cintra via Savassi e 901 - Circular Leste), também contribui para que o bairro seja valorizado. Além dessas opções, há as que passam pela Avenida dos Andradas, uma das vias de acesso ao Esplanada, que tem entrada, ainda, pela Avenida Silviano Brandão e Rua Niquelina, passando pelo Bairro Pompeia.

MERCADO

Segundo a Pesquisa do Mercado Imobiliário de Belo Horizonte realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis da UFMG (Fundação Ipead), o Bairro Esplanada é classificado como médio. Essa classificação é obtida a partir da renda média dos chefes de família, que fica entre cinco e 8,5 salários mínimos. De acordo com a pesquisa, realizada em janeiro, o valor de aluguel praticado no bairro para apartamento de três quartos, considerando sua classificação, é de R$ 735. Para comercialização, os preços variam entre R$ 236 mil e R$ 484 mil.