Personagens da Década de 70

Personagens da Década de 70

Luiz Alberto Caldas de Oliveira

Natural de São Paulo, Luiz Alberto Caldas de Oliveira foi comerciário e empresário ao longo da década de 40, entrando para o mercado imobiliário como Corretor e Chefe de Vendas do Banco Nacional Imobiliário (BNI) e da Companhia Nacional de Imobiliária (CNI), em 1949.

Luiz Alberto Caldas de Oliveira pronunciando histórico discurso de 10/05/78

Luiz Alberto Caldas de Oliveira pronunciando histórico discurso de 10/05/78

Já em 1954 tornou-se gerente de vendas da Cia. Imobiliária Morumbi, proprietária na época do Jardim Morumbi (bairro da Zona Sul de São Paulo). Em 1958 fundou a Imobiliária Vanguarda. Entre 1967 e 1969 foi sócio-diretor da Paes de Barros S/A, tendo como sócios Anibal Paes de Barros Netto, Odonel Froio, Rubens Coelho e Elpídeo Eugênio Mônaco, afastando-se da mesma por duvidar do futuro do BNH. Continuou sua carreira como autônomo, especializando-se em áreas para incorporações e loteamentos. A partir de 1972 funda a SAEPI Ltda. (Sociedade de Administração de Empreendimentos e Participações Imobiliárias), lançando diversos loteamentos em diferentes cidades do interior de São Paulo.

Sua participação nas atividades institucionais de classe só é comparável à de Antônio Macuco Alves. De 1962 a 1981 ocupou cargos na diretoria das principais entidades da categoria em São Paulo. Pode-se afirmar que ele foi o pai da Lei nº 4.116, que deu origem à atual legislação (Lei nº 6.530/78). Luiz Alberto presidiu o Creci da 2ª Região/SP (1966-68), foi secretário e vice-presidente do Cofeci e ocupou por duas gestões (1974-80) a presidência do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo.

Sua atuação e conquistas junto aos órgãos de imprensa e políticos sempre foi reconhecida pelo grande êxito alcançado, especialmente em todo o processo para a regulamentação da profissão de Corretor de Imóveis, em 1978.

Edmundo Carlos de Freitas Xavier

Xavier começou a atuar no mercado imobiliário no final de 1958 na empresa Auxiliadora Predial S.A., uma das mais tradicionais imobiliárias de Porto Alegre (RS), fundada por um grupo de alemães da antiga Sociedade de Crédito Real. Fazia vistorias e avaliação de aluguéis. Em 15 de outubro de 1963, sindicalizou-se.

Procurado por um amigo, Gilberto Sclorwski, decidiu fundar sua própria empresa, a Habitat Comércio e Imóveis. Introduziu como diferencial a venda de maneira mais organizada, o conceito de plantões de venda, passando a atuar como uma Consultoria. Era uma maneira mais moderna de trabalhar o mercado imobiliário que conquistou rapidamente um grande espaço em Porto Alegre, chegando a ser comparada com a Clineu Rocha, empresa com a qual mantinha parceria em São Paulo.

Xavier manteve-se na Habitat até o ano de 1972, quando fundou com outros três amigos a Villa Real Iniciativas Imobiliárias. Deixou o centro e passou a atuar nos bairros. Para a sede, restaurou um prédio antigo. Este idéia foi pioneira e, mais tarde, passou a ser copiada por outras imobiliárias.

Começou a atuar como líder dos Corretores de Imóveis aproximadamente em 1969, quando foi a um congresso de corretores em Brasília. Já era sindicalizado e credenciado no Creci. Ouviu diversas teses e debates que lhe chamaram a atenção para a Lei nº 4.116/62. "Nesta lei não era solicitada a freqüência em qualquer curso e qualquer um poderia atuar como Corretor. Já naquela época percebíamos a sua fragilidade. Fui até a tribuna questionar este aspecto ao grupo de trabalho e se algum sindicato já havia alertado sobre o problema e proposto um curso de formação profissional."

Com esta iniciativa, que acabou declarando ilegal a Lei nº 4.116, ficava evidente a sua importância no processo de regulamentação da profissão. "Já havia sido cogitada a criação de um curso antes, mas o Conselho Federal da Educação havia deliberado que não havia a necessidade de sua criação, já que para ser Corretor era necessário apenas ter o dom para a venda. Durante o tempo em que a profissão ficou sem regulamentação, passamos por momentos difíceis e pessoas sem qualquer qualificação passaram a atuar como Corretores de Imóveis", explica.

Ruy Texeira e a esposa e o presidente Edmundo Xavier e esposa. Inauguração da Placa Sindicato em homenagem ao presidente do sindicato

Ruy Texeira e a esposa e o presidente Edmundo Xavier e esposa. Inauguração da Placa Sindicato em homenagem ao presidente do sindicato

Após este congresso em Brasília, Xavier passou a se aproximar das entidades, principalmente do Cofeci. Na gestão de Luiz Mirrha, em 1976, era conselheiro federal. Foi segundo secretário do Sindicato de Corretores de Imóveis de Porto Alegre entre 71 e 72, vice-presidente de 72 a 74 e presidente de 74 a 80. Foi presidente do Creci/RS de 1982 a 1988.

Sua principal contribuição para a categoria foi a luta em prol da nova regulamentação da profissão: "Durante meses e meses, passava o dia todo no Ministério do Trabalho, onde recebia sugestões dos Crecis e sindicatos de todo o Brasil. A assessoria do ministro era liderada pelo dr. Renato Rodrigues, que nos ajudou a montar a parte jurídica do projeto que daria origem a Lei nº 6.530/78.

Paralelamente, no Rio Grande do Sul, ajudava na criação e aprovação, junto ao MEC, do currículo do curso de Técnico em Transações Imobiliárias (TTI)."

Em 1978 assumiu a presidência do Cofeci, conseguindo implantar o curso de TTI na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Escola Técnica Federal do Comércio, dois anos antes da assinatura da Lei nº 6.530. "No dia que esta lei foi sancionada, estava no congresso, em São Paulo. Ao voltar para Porto Alegre, organizamos uma festa para 2.500 pessoas", finaliza.

Ruy de Almeida

Nascido em Petrópolis, foi cantor de rádio e o primeiro a ganhar o maior concurso de calouros da Rádio Nacional em 1945, com mais de oitocentos concorrentes de todos os Estados. Cantou ao lado de nomes como Sílvio Caldas, Orlando Silva e Carlos Galhardo.

A música em sua vida sempre teve grande importância, fato que o levou a compor o Hino do Corretor de Imóveis. Deixando a rádio e um pequeno bar de sua propriedade, abraçou a carreira de Corretor de Imóveis em Maricá, trabalhando com loteamentos. Mesmo com o prestígio que lhe valeu o título de Cidadão Maricaense, nunca deixou de demonstrar sua predileção por Saquarema, cidade a que batizou como "Cinderela do Atlântico" e que assim ficou conhecida popularmente.

Foi conselheiro do Creci 1ª Região/RJ e membro da diretoria do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro . Criou a Bolsa de Imóveis - BIS em 8 de maio de 1975, que foi o grande centro aferidor dos contatos de compra e venda das melhores terras, e também dos loteamentos de Saquarema e adjacências.

Em 1975 manifesta-se, por meio dos veículos de comunicação, contra a criação de loteamentos artificiais por dragagem ao longo de quinze quilômetros da orla marítima, que destruiriam as margens naturais da "Cinderela do Atlântico". Em 1995 entra com uma ação popular contra a União Federal, tendo como objetivos:

  1. suspender as licenças para novos loteamentos e edificações nas margens das lagoas de Maricá
  2. interrupção dos serviços de dragagem feitos pela Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagos);
  3. anulação de todos os atos emanados dos órgãos federais, estaduais e municipais, que por ação ou omissão permitiram tais dragagens e aterros, obrigando todos os responsáveis diretos e indiretos à recondução das áreas marginais das lagoas de Maricá e região, condenando os réus a arcar com custas e honorários e a requisição de processos administrativos

Ao longo dos anos, Ruy de Almeida verificou que loteamentos que tinha vendido na planta já tinham se transformado em selvas de pedra, com ruas asfaltadas, casas bem construídas e, principalmente, um espaço valorizado. Isto é que é fantástico, afirma Ruy, na sua rotina de vida desde 1952. "Às vezes sou chamado de louco, sonhador. Mas este Corretor de Imóveis faz questão de afirmar que aprendeu uma coisa muito cedo: um homem só tem valor se tiver caráter." Esta afirmativa mostra todo o seu valor profissional.

Em maio de 1995, a sentença da justiça, em última instância, foi ao seu favor. "Entrei na justiça para alertar o crime contra a natureza, na cidade de Maricá, onde, inclusive, sou cidadão diplomado, na Câmara dos Vereadores. Depois de dezessete anos lutando, ganhei uma linda sentença e ninguém fala nada, a imprensa em geral não se pronuncia, e ninguém quer saber que foi o Corretor de Imóveis que impetrou o processo na justiça", exemplifica Ruy de Almeida.

Ruy de Almeida (a direita) sendo cumprimentado pelo prefeito de Saquarema, Jurandyr da Silva Mello quando do coktail de inauguração do Pavilhão BIS - Bolsa de Imóveis de Saquarema. Praia das Lagoas, em Maricá, 1962. Corretores que trabalham sob a orientação de Rui de Almeida. Dia da inauguração dos loteamentos.

Praia das Lagoas, em Maricá, 1962. Corretores que trabalham sob a orientação de Rui de Almeida. Dia da inauguração dos loteamentos.

Ponta Negra, estrada atrás do Farol

Ponta Negra, estrada atrás do Farol

Títulos de Cidadão Honorário (expedido pela Câmara Municipal de Saquarema) e de Cidadão Maricaênse concedidos a Ruy de Almeida

Títulos de Cidadão Honorário (expedido pela Câmara Municipal de Saquarema) e de Cidadão Maricaênse concedidos a Ruy de Almeida

À esq. o Sr. José Henrique de Albuquerque, diretor do C.M.I., quando entragava ao Sr. Celso Pinheiro o troféu a que fez jus como Primeiro na Produção no 3º Trimestre de 1963.

À esq. o Sr. José Henrique de Albuquerque, diretor do C.M.I., quando entragava ao Sr. Celso Pinheiro o troféu a que fez jus como Primeiro na Produção no 3º Trimestre de 1963.

Para ele aí está seu segredo para o sucesso. A clientela que possui passa muito tempo sem procurá-lo, mas na hora de trocar de imóveis ou, simplesmente, comprar outro, a primeira pessoa a ser procurada é o velho Ruy, que nunca vendeu gato por lebre e jamais deixou de atender às solicitações das mesmas.

Noticiamento da Carta Pública de agradecimento de Ruy de Almeida às autoridades e ao povo de Maricá

Noticiamento da Carta Pública de agradecimento de Ruy de Almeida às autoridades e ao povo de Maricá

Para Ruy de Almeida, enquanto os arquitetos e engenheiros planejam a ocupação do solo, o Corretor de Imóveis promove a concretização do ideal, vendendo aos interessados uma futura realidade. O papel do agente imobiliário é de estimular o desejo, a satisfação do cidadão em adquirir uma propriedade que se transformará e se valorizará. Transformar o projeto de loteamento num verdadeiro bairro exige talento e habilidade.

Gilberto Nascimento

Junto com dois amigos, por volta de 1955 Gilberto Nascimento montou a Imobiliária Terra Lar, localizada na rua Barão de Itapetininga, que realizava captação e venda de imóveis. Mais tarde, transferiu-se para a avenida Angélica, onde veio a ocupar, em 1977, o escritório do mais famoso Corretor de Imóveis de São Paulo, Clineu Rocha. Foi adquirindo experiência e apreço pelo mercado. Montou a Prioli Nascimento Sociedade Financeira, com objetivo de trabalhar com lançamentos, imóveis de terceiros e administração de bens. "O trabalho era feito mediante a autorização com opção de venda e de locação", conta. Depois de dois anos esta imobiliária fechou, dando lugar à Gilberto Nascimento Imóveis, que hoje, com mais de quarenta anos, é administrada por seus filhos.

João Roberto S. Malta e Gilberto Nascimento

João Roberto S. Malta e Gilberto Nascimento

A Gilberto Nascimento Imóveis especializou-se em administração de imóveis, mas também trabalhava com lançamentos, locação e venda de imóveis de terceiros. Desde a sua fundação, o empresário dava cursos aos Corretores sobre técnicas de vendas. Além dele, lecionavam Cícero Moura Mendonça, que tinha grande conhecimento sobre o mercado. "A entrada de Clineu Rocha no mercado fez com que as imobiliárias investissem mais em treinamento. A projeção dos cursos era um diferencial para as imobiliárias", explica.

A seleção dos Corretores era feita pessoalmente por Gilberto Nascimento. "Os interessados pelo anúncio também eram entrevistados pelos gerentes, selecionando-se os que tinham mais 'cunho para vendas'. A formação era realizada dentro da própria imobiliária", conta. Alguns acabaram se tornando grandes corretores e outros acabaram desistindo por não ter vocação para a tarefa.

Gilberto Nascimento

Gilberto Nascimento

"Naquela época ainda não existiam cursos de TTI. Além do cursos da imobiliária, tinha o trabalho de campo. Nele, os candidatos eram analisados mais profundamente. Qualquer desvio de comportamento era motivo para sua demissão". O contato com os clientes era considerado o mais importante. A confiança no profissional era tão grande que, após a consulta, o Corretor passava a ser o conselheiro da família.

Como exemplo desta confiança, Gilberto Nascimento relembrou o "caso da noiva": Certa vez, um cliente muito tímido foi se consultar com um Corretor e apresentou-lhe sua noiva. Em uma outra oportunidade, este cliente pediu a opinião do Corretor sobre ela, pois estava em dúvida se deveria se casar. O Corretor sugeriu ao cliente que fizesse uma experiência financeira com ela, uma vez que ele era muito rico. Pediu-lhe que depositasse uma grande quantia na conta bancária dela. Pouco tempo depois, o cliente voltou até o escritório do Corretor e lhe disse que a noiva havia gasto todo o dinheiro, divertindo-se bastante, sem demonstrar carinho por ele. A moça não passou na experiência, e o rapaz desistiu do casamento.

"Como este, aconteciam muitos outros casos. O Corretor era realmente uma pessoa de confiança, tanto que sua consultoria passava de pai para filho", disse Gilberto Nascimento. Por isso havia muito rigor na formação da imobiliária.

O curso interno era composto por matérias como: Técnicas de Venda, Compostura no Trabalho, Ética de Venda, Qualidade de Materiais e Estilos Arquitetônicos. "Um profissional mais antigo saia com o Corretor para ver como era o seu comportamento com as senhoras. Era exigida muita seriedade e compostura ao entrar na casa do cliente. Assim, era preservada a imagem da empresa.

Após a avaliação do profissional, o negócio era concluído por advogados da empresa. Os Corretores trabalhavam apenas com captação e avaliação. Gilberto Nascimento chegou a ter oito escritórios, 450 Corretores e trezentos plantonistas, além de duzentos funcionários, que cuidavam da administração e da equipe de gerentes.

Entre os profissionais que passaram por seus cursos e trabalharam para sua imobiliária, destacam-se: Waldyr Luciano (presidente do Creci/SP e do Cofeci), Roberto Capuano (presidente do Creci/SP), Nehemen Berchara (Imobiliária Vitória), Adelmo Valdicera etc.

Entre os fatos que contribuíram para as mudanças do segmento ele destacou a técnica introduzida por Clineu Rocha e a fundação do BNH.

Gilberto Nascimento iniciou sua participação no SCIESP e no Creci a convite de Eupídio Eugênio Mônaco. Ele passou a trabalhar como conselheiro do Creci e como diretor do sindicato (presidência de Newton Bicudo). Sua dedicação e visão comunitária fizeram-no presidente do sindicato na gestão seguinte (1971-74). "Quando fui presidente do sindicato, procurei dedicar-me mais à formação técnica dos Corretores autônomos, através da criação da sala do corretor, secretaria e cursos de especialização. Como estava no início a introdução do BNH, consegui a instalação de comissões de estudo, formada por Corretores especializados em imóveis de terceiros, áreas comerciais e industriais, loteamentos, administração de bens", conta.

Líderes Paulistas de 1980: da esq. para a dir. João Roberto Malta, Luiz Alberto Caldas de Oliveira, Gilberto Nascimento e Odil de Sá

Líderes Paulistas de 1980: da esq. para a dir. João Roberto Malta, Luiz Alberto Caldas de Oliveira, Gilberto Nascimento e Odil de Sá

Na sua gestão, o SCIESP passou a oferecer convênio médico, contando com o entusiástico apoio de seu diretor-adjunto, Wellington Nogueira dos Santos. Foi conselheiro federal e diretor da Federação Comércio. Em sua gestão, procurou trazer para o sindicato novos profissionais para seu quadro de dirigentes. A ele se deve o aparecimento de João Roberto Malta, Wellington Nogueira Santos, Newton Alvares, Waldomiro Duarte Ramos etc. Gilberto Nascimento faleceu no dia 23 de março de 1997, quando era finalizada a redação deste livro.

Carlos Brancante

A Imobiliária Carlos Brancante, que tem o nome de seu sócio-fundador, foi criada em 1960, mas seu pai e avô já trabalhavam no mercado imobiliário desde o início da década de 30, o que pode ser comprovado por um contrato de locação de 1938.

A família de Carlos Brancante acompanhou o desenvolvimento da categoria desde a fundação do sindicato, em agosto de 1946, mas a inscrição da sua imobiliária como pessoa jurídica só aconteceu em 1954. Aldino da Fonseca Brancante, avô de Carlos, foi um dos fundadores da Associação de Corretores.

O desenvolvimento profissional de Carlos Brancante teve início com loteamentos no litoral norte do Estado de São Paulo. "Era um bom mercado para trabalhar, pouco concorrido. Os anúncios eram feitos pelos plantões ou boca a boca", explica. Ele começou a trabalhar em São Paulo na década de 70, quando o pai se aposentou. "Fui tesoureiro de Creci por dois mandatos e vice-presidente por uma gestão." No Cofeci, foi vice-presidente em 1984.

Um dos fatos mais marcantes de sua atuação aconteceu quando foi nomeado interventor no Rio de Janeiro (havia desentendimento entre as diretorias do Creci e do SCIRJ). O presidente do Cofeci era Areff Assreuy. Não havia liberdade de ação, então nomeou o secretário e o tesoureiro de São Paulo. "Trabalhando com pessoas de outras cidades do Rio, acreditava que teria maior liberdade de ação. O início foi muito difícil, passava dois dias por semana no Rio e me revezava com outros companheiros nos outros dois", conta.

Na época da intervenção do Ceará, era vice-presidente do Cofeci. "Neste caso, optei por anular a eleição, intervir e convocar outra para normalizar a situação. Em duas semanas consegui conciliar os dois grupos: em quatro a cinco reuniões mostrei que era melhor a composição de todos em favor da categoria", finaliza.

Antonio Rocha

Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis - 1ª Região/RJ, Antonio Rocha e Souza (inscrição n.º 00867), a história dos Corretores de Imóveis demonstra as contradições dos fatos. Segundo ele, ao tomar conhecimento do verdadeiro papel do Corretor de Imóveis.

Antonio Rocha esclarece que o profissional habilitado para exercício da profissão responde pelos seus atos e é obrigado a seguir as determinações do Código de Ética. Por isso devem participar ativamente dos sindicatos, dos conselhos e da federação para lutarem contra as injustiças atribuídas à classe dos Corretores de Imóveis.

Ao conseguirem aprovar, com sucesso, a Lei n.º 4.116, em 27 de agosto de 1962, os Corretores de Imóveis passaram a atuar de forma ativa na sociedade civil organizada, com personalidade e destaque. "Recordo-me que em 1978, quando a Lei nº 4.116 foi substituída pela Lei n.º 6.530, tivemos a noção exata das conquistas dos fundadores do Cofeci, pois dezesseis anos após estávamos sendo reconhecido como profissionais liberais."

Com a fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, um dos conselhos regionais deixou de existir. Muitos profissionais do antigo Estado da Guanabara se sentiram prejudicados, pois perderam seus registros iniciais. Por isso, todos perguntam sobre o Creci-10ª Região. Foi uma fase complicada, onde ocorreram alguns problemas de registros, que atualmente estão superados.

José Sílvio Magalhães

A história dos Corretores de Imóveis, segundo José Sílvio Magalhães, se confunde com a própria ocupação do solo brasileiro. Desde que Pero Vaz de Caminha comunicou Portugal sobre a descoberta do Novo Mundo, o Brasil passou a contar com os intermediadores das pousadas e, de lá para cá, foram anos de crescimento, desenvolvimento, organização e conquista.

José Sílvio Magalhães se orgulha de ter participado do movimento que conquistou a regulamentação profissional dos agentes imobiliários e de ter sido o criador da proposta de financiamento a preço de custo, utilizado pelo BNH. Lembra que foram brigas antológicas com o Congresso Nacional. Ele fez parte do grupo que organizou e conquistou a regulamentação da profissão. Portador da inscrição do Creci Jurídico n.º 0001, Imobiliária Nova York, José Silvio não se esquece dos momentos de apreensão que antecederam a aprovação da Lei nº 4.116.

Fazendo uma análise conjuntural, ele se orgulha de ser o Creci-RJ pessoa física n.º 0003 e garante que a regulamentação da profissão só obteve êxito graças ao espírito de união e solidariedade que existia no grupo.

"Eu já trabalhava no mercado imobiliário. Era dono de uma das maiores imobiliárias no Rio de Janeiro. Minhas amizades com outros Corretores de Imóveis me aproximaram do Sindicato do município do Rio, que foi o primeiro sindicato de Corretor de Imóveis criado no Brasil. Foram inúmeras reuniões, articulações, estudos e debates para apresentar a melhor redação ao então projeto de lei. Consultamos, se não todas, a maioria das leis que regulamentavam as profissões liberais. Retiramos todas as partes que se adequavam à nossa profissão, e o nosso assessor jurídico, dr. José Guerra Neto, redigia para enquadrá-las dentro das nossas atividades profissionais. A briga foi grande. Tivemos momentos de total desânimo. Mas o que nos encorajou foi a união de todas as lideranças do movimento, inclusive o relacionamento com as lideranças dos outros Estados, que serviram como sustentação do processo, foram os destaques do movimento. A união funcionava como suporte. Nós do Rio de Janeiro, o pessoal de São Paulo e Minas Gerais estávamos mobilizados. Caso um ficasse com vontade de desistir, os outros logo tratavam de reanimá-lo. Não podíamos desistir. Tínhamos que continuar lutando e acabamos por conquistar nossa regulamentação", confirma.

"Recordo-me que por sugestão do companheiro José Henrique, depois de lograrmos êxito em nossa luta, o Creci n.º 0001 ficou com Sinval de Oliveira, por ser ele o mais antigo profissional entre nós. Isto foi bonito. As vaidades pessoais eram o que menos importava. Existia uma união, uma determinação, uma vontade de ver a profissão regulamentada; a emoção era indescritível, e não consigo descrever até hoje. A luta era para todos os Corretores de Imóveis. Qualquer pessoa que exercia a profissão naquela época poderia tirar seu registro no Creci sem nenhum problema. O que queríamos era organizar, como categoria profissional, as nossas atividades econômicas. Conseguimos e isso valeu. Acredito, sem medo de errar, que faríamos tudo de novo, da mesma maneira", afirma.

A briga com o Congresso Nacional foi longa, difícil e árdua. Exigiu muita paciência e dedicação dos envolvidos. "Aliás, foram essas grandes virtudes para o nosso êxito. Conquistamos o apoio de dois ou três deputados federais - um deles o Ulysses Guimarães - que passaram a defender nosso projeto de lei, que era modificado, ganhava aditivos, sofria emendas, entrava e saía de pauta. Mas estávamos atentos a tudo isso. Fazíamos triagem de outras leis e as adequávamos à nossa atividade. Não tínhamos outra opção. Só conseguimos sucesso porque éramos unidos."

José Henrique de Aquino Albuquerque

Um dos principais articuladores do movimento sindical que conquistou o reconhecimento e a regulamentação profissional, José Henrique de Aquino Albuquerque abdicou do número um para ter sucesso com o número sete, que é o seu número da sorte. Ele sempre dizia, Deus criou o mundo em sete dias, segundo a Bíblia; o Corretor de Imóveis trabalha sete dias, chova ou faça sol. Por isso a superstição.

Hoje, já aposentado, garante que estava certo. O Corretor de Imóveis com inscrição nº 7 foi presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis -1ª Região/RJ, na gestão 1974-77. Em suas lembranças, José Henrique recorda os momentos de aflição vividos por ele e pelos seus amigos fundadores do Cofeci e dos quatro conselhos regionais criados na ocasião. Atualmente são 24 conselhos regionais em todo o país. Conquistar a aprovação da Lei nº 4.116 foi uma vitória bonita e de grande importância para os profissionais, que passaram a ter uma legislação a seu favor.

Proprietário da empresa CMI - Consórcio Mercantil de Imóveis, José Henrique realizou também grandes lançamentos e, por isso, sua reputação no mercado imobiliário é sinônimo de credibilidade e respeito. Os mais famosos lançamentos vendidos pela CMI foram: Morada do Sol, Barra Mares, Alfa Plazza, Alfa Parque, Terrassas, o quilômetro 1 da Avenida das Américas, Comari, entre tantos outros.

Com muita dificuldade para falar, devido aos problemas de saúde que enfrenta, José Henrique fez questão de responder às perguntas, que o emocionavam, afirmando ser o seu dever de Corretor de Imóveis. Recordou o processo histórico da conquista da Lei nº 4.116.

A criação do Conselho Federal de Corretores de Imóveis

A carta sindical já existia há mais de vinte anos, e os Corretores de Imóveis da época foram, naturalmente, se articulando e desenvolvendo a idéia de conseguir a regulamentação da profissão que exerciam, visando dar mais credibilidade e respaldo em sua atividade. "Sem falsa modesta, nosso grupo era muito jovem, dinâmico e extremamente envolvido no processo. Participavam profissionais de outros Estados com o mesmo objetivo. "Foram verdadeiras batalhas intelectuais, mas que graças a Deus, terminaram vencidas por nós, por termos um assessor jurídico, também Corretor de Imóveis, extremamente hábil, que traduzia para o papel todas as nossas propostas. Era um tal de conversar com os deputados federais, líderes no Congresso Nacional, de fazer lobbies para conquistar a aprovação da lei. Havia momentos de puro desânimo. Achávamos que nunca conseguiríamos aprová-la", recorda-se José Henrique.

No início dos anos 60, as dificuldades de informações eram obstáculos terríveis em todo o processo. "Os companheiros de São Paulo, que atuavam energicamente, às vezes ficavam semanas inteiras no Rio de Janeiro para articular as ações em prol da viabilidade da regulamentação da profissão. Foi o período profissional mais bonito que vivi. Conseguimos arrancar a lei na garra, quase na base do tapa, mas conseguimos sua aprovação."

Sr. José Henrique Aquino Albuquerque, presidente do Creci e do Consórcio Mercantil de Imóveis

Os aspectos políticos foram as maiores dificuldades, sem sombra de dúvida. A função de Corretor de Imóveis já existia de fato. Faltava apenas o reconhecimento e a regulamentação, em forma de lei, que assegurasse os direitos e deveres dos profissionais. "Nosso objetivo era valorizar e dar credibilidade à profissão, que em minha opinião é uma das mais belas. Nós tratamos dos sonhos, dos desejos e da realidade de cada cliente. Com a regulamentação conseguimos elevar o nível do profissional, pois os novos profissionais têm que cursar o TTI - curso Técnico de Transações Imobiliárias."

Odil Baur de Sá

Odil de Sá, como é mais conhecido, começou a trabalhar no mercado imobiliário em 1954, no Brooklin (região sul de São Paulo), onde atua até hoje. Quando iniciou o trabalho nessa região, não existiam apartamentos nas mediações da avenida Santo Amaro, apenas casas. "A exigência por quintal era predominante. A família queria sossego quando procurava por uma casa nestas imediações", explica Odil. Dois anos de trabalho na Dourado culminaram em um convite para que se tornasse sócio da empresa. Depois de onze anos montou seu próprio escritório. Em 1970 tinha trezentos corretores.

Odil de Sá

Odil de Sá

Em 1968 iniciou sua atividade na vida sindical, como suplente de Newton Bicudo. Na gestão seguinte foi eleito primeiro secretário de Gilberto Nascimento. Odil de Sá compara o cliente a uma pedra ,que precisa ser lapidada na mão do Corretor. "Quando o cliente se transforma em uma pedra preciosa é que o Corretor vai usufruir de seu trabalho".

Como exemplo do trabalho de Corretor, Odil contou o caso de um cliente que procurava um imóvel na parte alta do Brooklin, região mais valorizada daquela área. Ele mostrou os imóveis que tinha nas imediações, mas nenhum era o que o cliente procurava. Odil de Sá pediu, então, que ele descrevesse o imóvel. Relacionou as características a um outro imóvel, da parte baixa, mas disse para o cliente que iria procurar o que ele queria e pediu trinta dias de prazo para apresentar a casa. É neste aspecto que ele destaca a habilidade do bom Corretor: deve saber mostrar o imóvel e conhecer as peculiaridades da família, de seu modo de vida. "O imóvel é que tem que se adaptar ao cliente", afirma.

No caso dessa casa, mostrou primeiro para a esposa, contando sobre todas as peculiaridades do imóvel, apresentando-o como uma grande oportunidade de negócios enfatizando a valorização da região. A venda foi fechada.

Atualmente, Odil de Sá é vice-presidente do Creci/SP (cargo que ocupa desde 1982) e presidente do SCIESP. Conta que iniciou seu trabalho como líder da categoria por ser uma grande oportunidade de transmitir seus conhecimentos sobre o mercado imobiliário, pelos laços de amizade conquistados. Entre suas características, destaca a de pacificador, o que fez com que CVI, Creci e SCIESP pudessem ter uma convivência absolutamente harmônica.

Júlio Martins

A história de Júlio Martins exemplifica com muita propriedade a do Corretor de Imóveis bandeirante, que fundou cidades e fez história. Em abril de 1971, Júlio Martins deu asas à sua imaginação. Com um pequeno avião, conduzia pessoas interessadas em comprar terras. Viajou 2790 mil quilômetros em mais de 8 mil horas de vôo.

De balconista, fotógrafo, contador, chofer de táxi, caminhoneiro, vendedor de sementes, aviador, Corretor de Imóveis, produtor rural e construtor de cidade, a vida de Júlio Martins foi marcada pela ousadia. Em 1957, comprou seu primeiro avião, um Stinson Voyager, que pertenceu ao ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros. Com sua perícia na condução da aeronave e o carisma na arte de fazer amigos, tornou-se um dos pilotos mais requisitados para serviços de táxi aéreo. Tomou conhecimento de uma área próspera na região Centro-Oeste, na divisa com o Estado de Goiás. No dia 21 de abril fechou o primeiro negócio. Daí por diante, a cada vôo, mais um comprador de terras. Com o lucro também comprou terras e plantou 120 hectares de soja. O bom resultado foi seu cartão de visitas para novos investidores.

O General de Brigada Kivat Saldanha da Cunha condecora o casal Júlio Alves Martins. Ela, com a Medalha Anita Garibaldi e ele, com o colar Giuseppe Garibaldi, no grau cavalheiresco de Comendador.

O local começou a ser povoado, recebendo o nome de Chapadão dos Bugres, Pouso Frio, Chapadão dos Gaúchos, Vila Julimar, São Pedro de Apaporé. Uma nova cidade estava nascendo. Com um abaixo-assinado de mais de 10 mil assinaturas, conseguiu o reconhecimento da cidade que foi batizada como Chapadão do Sul. O antigo campo de cerrado transformou-se em grande produtor nacional de soja, graças a um exército formado por 126 famílias. O esforço do Corretor de Imóveis Júlio Martins ficou conhecido nacionalmente.

Antônio Armando Cavalcante Soares

Antônio Armando Cavalcante Soares, diretor tesoureiro do Cofeci (gestão 1990 - 2000) é um dos responsáveis pela organização da profissão no estado do Ceará. Sua história confunde-se com a da atividade do corretor de imóveis nordestino. Recebeu em dezembro de 1998 a comenda Colibri de Ouro, a mais alta comenda da categoria.

Dedicou-se a organização do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 15ª Região - CE, mesmo antes da sua criação, quando os profissionais credenciavam-se no Creci 7ª Região - PE. Foi membro fundador da Delegacia deste Conselho no Ceará, e posteriormente ajudou a fundar o Creci 15ª Região no estado. Presidiu esta entidade entre abril de 1984 e julho de 1991, sendo Conselheiro Federal desde 88, onde prestou inestimáveis serviços ao Cofeci.

Além do Creci, Antônio Armando Cavalcanti Soares foi um dos fundadores de diversas entidades no Ceará, como a Associação Profissional dos Corretores de Imóveis do Ceará, o Sindicato dos Corretores de Imóveis, a Câmara de Valores Imobiliários, a Associação dos Proprietários de Imóveis, o Secovi e a Associação das Administradoras do Ceará.

Sua sabedoria e capacidade de trazer o equilíbrio e a conciliação em momentos mais críticos são suas maiores virtudes. Também foi merecedor de títulos como: "Cidadão de Fortaleza" e o "O melhor avaliador do Ceará", por três anos consecutivos, e sendo eleito pelos próprios Corretores de Imóveis do estado.

"Lembro-me que logo após a criação do Creci, realizamos uma campanha com o objetivo de cadastrar mil Corretores de Imóveis. Em poucos meses elevamos de 418 para 1181 o número de credenciados. Animados pelo sucesso do nosso trabalho, partimos em seguida para a conquista da sede própria (localizana na Rua João Cordeiro, 939), concretizando com 14 meses de existência, esse nosso sonho no dia 12 de maio de 1980. A sede do Creci permaneceu neste endereço por 17 anos. Em 1997 compamos nossa sede atual, localizada na Rua Pe. Luís Filgueiras, 324", conta Armando.

Armando Cavalcante Soares fez parte da Comissão Consultiva da primeira diretoria do Creci/CE, foi representante do Sindicato na gestão de Helano S. Montenegro (1979-1985). Foi um dos pioneiros nos loteamentos que deram origem a bairros como: Icaraí, em Caucaia, e da Praia do Futuro, em Fortaleza.

 

Fonte:COFECI 

https://portal.cofeci.gov.br/principal.aspx